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Hospital de Praia Grande enfrenta crise de infraestrutura, comprometendo qualidade do atendimento

Pacientes pedem ações imediatas da Prefeitura para garantir melhores condições e suporte à unidade de saúde

Há denúncias de escassez de medicamentos, materiais para curativos e até mesmo itens essenciais para a higiene dos pacientes - Imagem: Fred Casagrande
Há denúncias de escassez de medicamentos, materiais para curativos e até mesmo itens essenciais para a higiene dos pacientes - Imagem: Fred Casagrande

Lívia Gennari Publicado em 07/03/2025, às 10h18


O Complexo Hospitalar Irmã Dulce, localizado em Praia Grande, no litoral sul de São Paulo, tem sido alvo de diversas reclamações por parte da população devido à demora no atendimento e nos procedimentos médicos. Pacientes e familiares relatam dificuldades para conseguir consultas, exames e internações, gerando indignação e preocupação entre os munícipes.

Além da demora no atendimento, funcionários e pacientes também relatam a falta de insumos básicos no hospital. Há denúncias de escassez de medicamentos, materiais para curativos e até mesmo itens essenciais para a higiene dos pacientes.

“Descaso absoluto. O PS não tem maca disponível, não tem soro. Minha mãe é uma idosa de 82 anos, que tem as pernas e o pescoço atrofiados, e mesmo assim tiraram ela da maca e colocaram numa cadeira de rodas. Esperamos mais de uma hora para fazer a coleta de urina, porque a sala estava sendo usada para um procedimento demorado em outro paciente”, relatou a familiar.

Na última semana, também surgiram relatos de falta de água e quedas de luz no hospital, o que compromete a limpeza e a realização de procedimentos médicos.

Histórico do hospital e sua relevância

Inaugurado em 2008, para atender a demanda crescente de saúde pública de Praia Grande, o Complexo Hospitalar Irmã Dulce é uma das principais unidades de saúde da cidade, sendo referência na região. Com atendimentos de urgência, emergência e internação, o local recebe pacientes de diversos bairros e também de cidades vizinhas.

No entanto, nos últimos meses, tem sido alvo de críticas devido à sobrecarga e precariedade no atendimento.“Nosso sistema de saúde está abandonado. Muitas vezes os médicos não tem o que fazer, porque não dão condições de trabalho, outros agem por descaso mesmo”, declarou uma munícipe.

Mãe clama por vaga na UTI para filho recém-nascido

Gabriele Batista, moradora de Praia Grande, enfrentou dias de sufoco ao buscar  ajuda para seu filho Arthur, de apenas 22 dias, que esteve internado no Hospital Irmã Dulce em Praia Grande. A mãe aguardou por uma semana, uma vaga na UTI para seu filho que apresenta um quadro de bronquiolite e dificuldades respiratórias.

Em um relato comovente, a mãe relata que outras crianças foram atendidas antes do seu filho, cuja situação era altamente crítica. “Eu tenho que esperar o caso do meu filho ficar muito pior para que algo seja feito?”, questionou a mãe da criança, aos prantos. "Preciso que meu filho receba atendimento. Não consigo entender como isso é possível. É um descaso o que estão fazendo com o meu filho”, desabafou.

Os dias de angústia viciados por Gabriele, refletem um cenário que, infelizmente, é recorrente na vida de muitas mães da cidade.“Quase perdi minha filha, precisamos de mais atenção da Prefeitura”, escreveu outra munícipe.

Gabriele afirma que procurou a administração do hospital. Em resposta, o Irmã Dulce afirmou que o caso do pequeno Arthur era prioridade, e que o bebê iria conseguir um leito na UTI assim que houver alguma liberação de vaga. Contudo, a criança teve que aguardar a liberação de um leito na UTI, por uma semana, correndo risco de uma piora no quadro clínico.

Impactos e soluções não concretizadas

A precariedade do atendimento no Complexo Hospitalar Irmã Dulce, tem levado pacientes a procurarem alternativas em outras cidades, gerando sobrecarga em unidades vizinhas. O desleixo com a saúde pública local, aparenta estar relacionado à falta de investimentos e à necessidade de ampliação da estrutura hospitalar.

A população cobra soluções urgentes das autoridades municipais e estaduais, destacando a importância de melhorias na gestão hospitalar e no financiamento da saúde pública.

O que diz a SESAP: 

A Prefeitura de Praia Grande, por meio da Secretaria de Saúde Pública (Sesap), informa que o Complexo Hospitalar Irmã Dulce é gerido de forma compartilhada com a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) e que está à disposição para acolher e responder qualquer demanda relativa ao Hospital. 

Sobre a questão da queda de energia, a Sesap destaca que na ocasião ocorreu um problema com o transformador, mas que foi prontamente resolvido pela CPFL, empresa que fornece energia elétrica no Município. Cabe ressaltar, no entanto, que os geradores do Hospital foram acionados assim que houve a queda de energia e atenderam plenamente, não ocasionando nenhuma ocorrência de maior gravidade.

Sobre o atendimento referente aos pacientes citados, a Sesap esclarece que as vagas de UTI são reguladas pelo Estado de São Paulo, através do sistema Cross. O paciente está incluído no Cross e enquanto aguarda a vaga, segue recebendo todos os cuidados da equipe do hospital.