Administração pública

Fraude em licitações públicas vira alvo de operação na Baixada Santista

Grupo investigado movimentou mais de R$50 milhões através de contratos superfaturados entre empresas de fachada e prefeituras

Mandados foram cumpridos em 2 cidades do litoral paulista; PCSP afirma que mais fases da operação poderão ser deflagradas - Imagem: Reprodução | Polícia Civil

Lívia Gennari Publicado em 11/04/2025, às 17h49

A Polícia Civil de São Paulo deflagrou nesta semana a Operação 'Cartel do Pregão', que investiga uma organização criminosa suspeita de fraudar licitações públicas e lavar dinheiro público em municípios do litoral paulista. A ação foi conduzida pela 1ª Delegacia de Polícia de Investigações Gerais de São José dos Campos (DIG/Deinter 1), especializada em crimes contra a administração pública.

A investigação teve início após a polícia receber denúncias de que empresas estariam combinando entre si para vencer licitações de prefeituras, cobrando até três vezes mais do que o valor de mercado. Os primeiros indícios mostram que esse tipo de superfaturamento acontecia com frequência, causando prejuízo aos cofres públicos.

Como funcionava o esquema

De acordo com os investigadores, o grupo utilizava uma rede de empresas formalmente distintas, mas que apresentavam uma identidade visual semelhante, contabilidade compartilhada e vínculos operacionais e administrativos evidentes.

A estratégia da organização criminosa era criar a falsa impressão de competitividade nos pregões, enquanto os resultados já estavam previamente combinados entre os empresários. Os contratos eram vencidos por uma das empresas do grupo, com preços altamente distorcidos, e os lucros posteriormente distribuídos entre os envolvidos.

Segundo relatórios do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) foram identificadas movimentações financeiras atípicas e superiores a R$ 50 milhões. Entre as práticas detectadas estão repasses cruzados entre empresas, uso de contas laranjas para disfarçar a origem dos recursos e transações bancárias incompatíveis com a atividade econômica declarada. Tais movimentações foram consideradas indícios de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.

Mandados e materiais apreendidos

Na primeira parte da operação, a Polícia Civil cumpriu seis mandados de busca e apreensão que foram autorizados pela Justiça de Caraguatatuba e cumpridos nos seguintes municípios:

- Guarujá (3 endereços)
- São Paulo (2 endereços)
- Praia Grande (1 endereço)

Os locais incluíam casas de suspeitos e escritórios de empresas que, segundo a polícia, estão ligadas ao núcleo que comandava o esquema.

Durante a ação, foram apreendidos documentos, computadores, celulares e materiais de contabilidade. O conteúdo será analisado detalhadamente, por técnicos e peritos.

Caso não encerrado

A Polícia Civil ainda não divulgou os nomes dos envolvidos, mas afirmou que a investigação continuará e que outras fases da operação ainda podem acontecer. Os investigadores acreditam que o grupo agia de forma estruturada e pode ter atuado em diferentes cidades do estado, além das que já foram averiguadas.

A ação faz parte do esforço do estado para combater a corrupção e a má gestão de dinheiro público em contratos feitos por prefeituras. O objetivo é garantir que os recursos destinados a áreas essenciais, como saúde e educação, não sejam desviados por práticas ilegais e criminosas.

saúde São Paulo Guarujá educação Praia Grande Polícia Civil Investigação fraude Prefeituras administração pública corrupção organização criminosa lavagem de dinheiro São José dos Campos fraudes em licitações Polícia Civil de São Paulo. crime recursos públicos

Leia também