O interesse de Anthony pelo balé começou aos sete anos, enfrentando preconceitos, mas encontrou apoio no Centro de Apoio à Família do Educando (Cafe), onde se apaixonou pela dança
Marina Milani Publicado em 04/06/2024, às 08h03
Desde cedo, Anthony Caio Almeida Silva, natural de Praia Grande (SP), enfrentou desafios e preconceitos por sua paixão pelo balé. Iniciando suas aulas aos sete anos, ele foi transferido de escola três vezes devido ao bullying dos colegas. Hoje, aos 16 anos, ele celebra uma vitória significativa: uma bolsa de estudos integral na renomada companhia de dança Miami City Ballet, nos Estados Unidos.
"É uma experiência única", comemorou Anthony. "Vai ser um grande passo para a minha carreira profissional, um salto”.Anthony embarca para os EUA no final deste mês, após se destacar em um festival que serviu como seletiva em 2023. Na Miami City Ballet, ele aprimorará seus conhecimentos em balé clássico, dança contemporânea, jazz e dança flamenca. A bolsa cobre todas as despesas, incluindo passagens aéreas, hospedagem, alimentação, uniforme completo, visto de estudante e ajuda financeira.
Anthony já havia conquistado outras bolsas internacionais, mas optou pela instituição norte-americana pela cobertura completa das despesas. "Muito honrado por ter conseguido essa bolsa, porque poucos brasileiros conseguiram [...]. Estou indo com altas expectativas, pois não estou para brincadeira, mas para fazer coisa séria", disse ele ao g1.
O interesse de Anthony pela dança surgiu na infância, quando descobriu as aulas extracurriculares de balé clássico na escola. No entanto, enfrentou preconceito por ser um menino interessado em balé, modalidade oferecida apenas para meninas na escola. A família encontrou um espaço inclusivo no Centro de Apoio à Família do Educando (Cafe), da Prefeitura de Praia Grande, onde Anthony se apaixonou pela modalidade.
Ele posteriormente se especializou em uma companhia de dança, realizando aulas de sapateado, jazz, hip-hop e dança contemporânea, destacando-se em exames e apresentações em festivais nacionais e internacionais. Sua história inspirou um documentário para uma marca de cosméticos e um livro infantil intitulado "Meninos não dançam balé", que aborda a importância do apoio familiar na trajetória de um bailarino.
Anthony não fala inglês, mas a companhia de dança fornecerá suporte diário para ajudá-lo a aprender o idioma e se adaptar ao novo ambiente. "Se der tudo certo e for além das expectativas do que a companhia buscava, ele renova. Dando tudo certo, quando ele fizer 18 anos, já entra para a companhia profissional mesmo, com contrato", explicou Andréia Silva Guedes, sua mãe.
Para Andréia, ver o filho conquistar destaque internacional é motivo de grande orgulho, mesmo com o receio pela distância. "É uma mistura de sentimento. Felicidade já com muita saudade", comentou ela. Andréia destaca a relação de companheirismo com o filho, dedicando-se desde o preparo do lanche até a costura das sapatilhas e a escolha dos figurinos. "Incentivando, apoiando e acreditando de fato no que ele queria e almeja ser", disse ela. "Orgulho ver que meu filho tem muita determinação, muito foco. É como querer muito uma coisa e falar: Missão cumprida".
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