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Operação Hereditas: Desvenda esquema de corrupção e milícia em Guarujá

Foram cumpridos 26 mandados de busca e apreensão nas cidades da Baixada Santista e na capital paulista

Operação Hereditas - Imagem: Reprodução/SPP
Operação Hereditas - Imagem: Reprodução/SPP

Alanis Ribeiro Publicado em 02/10/2024, às 09h11


A operação "Hereditas" tem como foco investigar agentes públicos suspeitos de fraudes em licitações na cidade de Guarujá. A ação desvendou na terça-feira (1), uma rede de corrupção envolvendo membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) e servidores municipais, além de um esquema de propinas na Câmara Municipal e na Prefeitura.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a organização criminosa ultrapassava a corrupção administrativa. As investigações revelaram que o PCC planejava ataques contra policiais militares e estabelecia acordos com políticos locais para facilitar suas atividades ilegais.

Além disso, o grupo estava envolvido em assassinatos de policiais em serviço e aposentados em Guarujá, com o intuito de instaurar uma milícia na região, oferecendo "proteção" aos comerciantes em troca de pagamentos mensais.

Os criminosos utilizavam ameaças e ataques a estabelecimentos comerciais para coagir empresários a desistirem de serviços de segurança privada, muitas vezes prestados por policiais aposentados, em favor da "proteção" oferecida pelo grupo.

Liderança Criminosa

O líder da quadrilha, conhecido como Meia Folha, era uma figura proeminente no PCC e controlava o tráfico de drogas e armas na comunidade de Vicente de Carvalho. Em 2022, ele viajou ao Rio de Janeiro para aprender sobre o modelo miliciano, que implementou em Guarujá. A quadrilha começou a contratar vigilantes para monopolizar o mercado de segurança local, ao mesmo tempo em que intensificava os homicídios de policiais que atuavam na área. Para coagir os comerciantes, o grupo realizava roubos e ataques violentos.

Investigações

A operação revelou a participação da quadrilha em pelo menos quatro homicídios de policiais em Guarujá, todos ligados a atividades milicianas. Indícios apontaram para um acordo entre políticos locais e a liderança criminosa para controlar a violência e facilitar fraudes licitatórias. Um caso alarmante foi o de Meia Folha, que venceu uma licitação fraudulenta, gerando um contrato de R$ 26,9 milhões em dois anos. Ele foi morto em um ataque a tiros em março deste ano.

Execução da Operação Hereditas

A operação "Hereditas" foi conduzida pelo Ministério Público de São Paulo, através do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), com o apoio da Polícia Militar e da Polícia Civil. Foram cumpridos 26 mandados de busca e apreensão nas cidades da Baixada Santista e na capital paulista.

A ação contou com a participação de 15 integrantes do Ministério Público, 76 policiais militares do Comando de Policiamento de Choque (ROTA, COE e GATE) e 50 policiais civis da Delegacia Seccional de Praia Grande e do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (DOPE). resuma a parte liderança criminosa e investigações