Crimes Famosos

ANTES DE SUZANE: conheça a história da santista que planejou a morte brutal dos próprios pais

Atualmente, Andreia Gomes Pereira Amaral está solta e ainda vive no litoral de São Paulo

ANTES DE SUZANE: conheça a história da santista que planejou a morte brutal dos próprios pais - Imagem: reprodução Twitter
ANTES DE SUZANE: conheça a história da santista que planejou a morte brutal dos próprios pais - Imagem: reprodução Twitter

Manoela Cardozo Publicado em 30/06/2023, às 09h00 - Atualizado às 09h59


A jovem estudante de direito Andreia Gomes Pereira Amaral, natural de Santos, no litoral de São Paulo, causou um grande impacto em março de 1994, quando, aos 20 anos de idade, planejou, juntamente com Daniel Lima Chabelman, seu namorado de 17 anos, o assassinato de seus pais.

Conforme informações do Pragmatismo Político, assim como no conhecido caso de Suzane Von Richthofen, as vítimas foram mortas enquanto dormiam.

Outra coincidência é que Andreia também fazia parte de uma família de classe média alta, residindo em uma casa de três andares e tendo um irmão mais novo.

Ela era filha do segundo casamento do empresário português Antônio da Silva Amaral, proprietário de aproximadamente 50 imóveis na cidade.

Antônio era conhecido por sua frugalidade e valorização do dinheiro. Ele costumava recolher os restos de verduras e legumes no Mercado Municipal ao final do dia para alimentar seus porcos, cabritos e aves em seu sítio.

O relacionamento de Andreia com Daniel não havia completado três meses quando decidiram eliminar Antônio, como uma solução para os problemas de relacionamento que ela enfrentava com seu pai.

Durante o depoimento, Andreia afirmou que seu pai havia a estuprado duas vezes: uma quando ela ainda era virgem aos 15 anos e outra aos 17 anos. Ela também declarou que Antônio não a tratava como filha, mas "como mulher".

Ainda, Andreia mencionou que seu pai maltratava sua mãe, acusando-a de ter um amante, e suspeitava que o filho mais novo do casal, Rodrigo, com um ano e meio de idade, não fosse seu filho biológico.

O crime

Inicialmente, Andreia planejava simular um latrocínio — roubo seguido de morte — e deixou claro que não queria estar presente no momento do crime.

Contudo, Daniel a convenceu de que a polícia os descobriria rapidamente. Então, ele propôs uma execução a tiros e Andreia concordou. Ela pediu a ajuda de um ex-namorado chamado Rômulo Arnaud, que possuía um revólver calibre 38, e Rômulo concordou em emprestá-lo em troca de dinheiro.

Por volta das 17h30, Rômulo entrou em contato com Deolinda, mãe de Andreia, com o objetivo de mantê-la ocupada tempo suficiente para que Daniel pudesse entrar na casa e se esconder debaixo da cama da namorada.

Naquela noite, Antônio e Deolinda tiveram uma discussão e ele foi para o quarto deitar-se. Diferentemente das outras vezes, Andreia não precisou colocar Diazepam na bebida do pai, pois ele adormeceu profundamente.

Em depoimento, ela relatou que não sentiu necessidade de verificar o quarto, pois conseguia ouvi-lo roncar. Deolinda também adormeceu, mas neste caso Andreia teve que usar o tranquilizante — de acordo com suas declarações no processo, ela afirmou que não queria que a mãe testemunhasse o que estava prestes a acontecer.

Era por volta das 23h30 quando Andreia informou ao namorado que seu pai havia adormecido. Daniel saiu de debaixo da cama, dirigiu-se ao quarto de Antônio e retornou dizendo: "É agora".

Além de estar armado com um punhal, ele também carregava o revólver de Rômulo, caso fosse necessário além da arma branca. No entanto, não foi preciso usá-lo. Em questão de minutos e sem fazer barulho, ele voltou para anunciar: "Já aconteceu".

Depois, Daniel retornou ao quarto de Antônio para verificar se ele estava de fato morto. E, ao confirmar que sim, desceu as escadas em direção à sala e comentou com a namorada que seria impossível justificar para Deolinda a grande quantidade de sangue espalhada na cama do casal e, portanto, acreditava que ela também deveria ser eliminada.

Andreia alegou no tribunal que se opôs, mas nessa altura "já não havia como frear Daniel". Ela afirmou que ele estava segurando a arma de fogo e ameaçou matá-la e a se matar caso ela não concordasse.

No máximo, ela conseguiu fazer com que ele se comprometesse a não ferir Rodrigo, que estava dormindo ao lado da mãe.

Ele concordou, dirigiu-se ao sofá onde Deolinda dormia e desferiu doze golpes de faca em seu pescoço. Os gritos da mulher acordaram o menino.

Logo em seguida, o assassino retornou ao andar de cima com notícias: "Ela fez força para viver. Mas não tem mais testemunha".

A condenação

Detida na Penitenciária Feminina de Santos, Andreia foi posteriormente transferida para a Penitenciária do Butantã, em São Paulo. Lá, devido ao seu bom comportamento, ela progrediu do regime fechado para o semiaberto.

Mas em agosto de 2000, quando recebeu permissão para passar o fim de semana do Dia dos Pais com sua família, ela não retornou à prisão. Durante sua ausência, ela se envolveu em um caso de estelionato e foi presa em flagrante.

Na delegacia, descobriram que ela estava fugitiva e a encaminharam de volta para a penitenciária. Como resultado, ela perdeu o direito ao regime semiaberto, faltando apenas 13 meses para ser transferida para o regime aberto.

Seu advogado na época, Eduardo Antonio Miguel Elias, alegou que ela não queria retornar porque havia sofrido coerção e ameaças de outras detentas, que chegaram a tatuar à força em seu braço a sentença 'Assassina de Pai e Mãe'.

Por outro lado, outro ex-advogado de Andréia afirmou que ela se adaptou razoavelmente bem ao ambiente prisional, a ponto de se envolver emocionalmente com outra detenta.

Libertada em 2008, Andréia atualmente vive isolada de sua família. No inventário, ela perdeu todos os direitos sobre a herança de seu pai, sendo considerada legalmente como 'herdeira indigna'.

Seu irmão Rodrigo não quer ter contato com ela, assim como os irmãos do primeiro casamento de Antônio.

Logo após sua libertação da prisão, Andréia sobreviveu vendendo cosméticos por catálogo. Atualmente, ela reside na comunidade Vila Margarida, em São Vicente.