Funcionário revela detalhes de tortura e assassinato de paciente em clínica de reabilitação

Outros funcionários também teriam participado das agressões, segundo depoimento de Matheus Pinto

Funcionário de clínica revela detalhes de tortura e assassinato de paciente em clínica de reabilitação - Imagem: Reprodução | Redes Sociais
Funcionário de clínica revela detalhes de tortura e assassinato de paciente em clínica de reabilitação - Imagem: Reprodução | Redes Sociais

Marina Milani Publicado em 10/07/2024, às 17h55


Um funcionário de uma clínica particular de reabilitação para dependentes químicos foi preso e confessou à Polícia Civil ter torturado e matado um paciente na Comunidade Terapêutica Efata, localizada em Cotia, na Grande São Paulo. Matheus de Camargo Pinto, de 24 anos, admitiu que não agiu sozinho e que outros colegas também participaram das agressões que resultaram na morte de Jarmo Celestino de Santana, de 55 anos.

A confissão de Matheus veio à tona após ele prestar depoimento na Delegacia Central de Cotia, onde a reportagem teve acesso aos detalhes de seu interrogatório. Matheus gravou e compartilhou nas redes sociais vídeos de Jarmo com as mãos amarradas e presos, sentado numa cadeira, enquanto outros funcionários riam da situação.

Em uma mensagem de voz, ele confessou ter espancado o paciente: "Cobri no cacete, cobri... chegou aqui na unidade... pagar de brabo... cobri no pau. Tô com a mão toda inchada".

Detalhes

Segundo Matheus, os problemas começaram quando os agentes responsáveis pelo transporte de Jarmo o agrediram durante o trajeto para a clínica. O paciente, que havia sido internado compulsoriamente pela família devido ao uso de entorpecentes e agressões contra a mãe, chegou à clínica já amarrado e psicologicamente transtornado.

Na noite de sexta-feira (5), Matheus, que estava na clínica há apenas duas semanas e também é ex-dependente químico, afirmou que, com a ajuda dos donos da clínica, Cleber Fabiano da Silva e Terezinha de Cássia de Souza Lopes da Conceição, conteve Jarmo com o uso de força excessiva. Cleber e Terezinha, no entanto, negam estar presentes durante as agressões, alegando que estavam de folga e só souberam dos fatos posteriormente pela polícia.

Na manhã de sábado (6), Jarmo acordou em um surto agressivo, tentando atacar outros internos. Matheus relatou que precisou entrar em luta corporal com ele, e as agressões se intensificaram quando Jarmo começou a destruir objetos no quarto. Para contê-lo, Matheus aplicou um golpe conhecido como "mata-leão", que restringe a respiração da pessoa.

No domingo (7), Matheus deslocou o ombro de Jarmo ao tentar puxar seu braço, levando o paciente ao pronto-socorro de Vargem Grande Paulista, onde foi medicado antes de retornar à clínica. Na segunda-feira (8), ao levar o almoço para Jarmo, Matheus encontrou o paciente caído no chão do quarto, já sem resposta. Jarmo foi novamente levado ao hospital, onde sua morte foi confirmada. Os médicos relataram que o corpo apresentava lesões compatíveis com agressões físicas.

Investigações em curso

A Polícia Civil continua investigando o caso para identificar e responsabilizar todos os envolvidos nas agressões que levaram à morte de Jarmo. A defesa de Cleber e Terezinha afirma que seus clientes não estavam presentes na clínica durante os eventos e que colaborarão com as investigações para esclarecer os fatos.