Justiça

Sindicato de SP apoia ato em memória de soldado da PM assinado na Baixada Santista

Luca Romano Angerami, de 21 anos, foi executado pelo crime organizado

Sindicato de SP apoia ato em memória de soldado da PM assinado na Baixada Santista - Imagem: reprodução redes sociais
Sindicato de SP apoia ato em memória de soldado da PM assinado na Baixada Santista - Imagem: reprodução redes sociais

Vitória Tedeschi Publicado em 24/05/2024, às 13h25


O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) está apoiando o ato ecumênico que acontece neste sábado (25/5), na capital, em memória do soldado Luca Romano Angerami, executado pelo crime organizado, na Baixada Santista.

O jovem, que tinha 21 anos, servia à Polícia Militar (PM) e vem de família que abarca vários policiais civis, incluindo o avô, Alberto Angerami, que já foi delegado-geral-adjunto da Polícia Civil, seu pai, o investigador Renzo Angerami, e a madrasta, a delegada Fabiana Sena Angerami.

Além de prestar homenagem ao jovem policial, o ato defenderá a edição de leis mais duras para quem comete delitos contra profissionais da Segurança Pública no Estado de São Paulo.

Luca estava desaparecido há pouco mais de um mês e teve seu corpo encontrado na segunda-feira (20/5), na comunidade Vila Baiana, no Guarujá-SP. Investigações apontam que o crime organizado da Baixada Santista executou o policial.

A delegada Jacqueline Valadares, presidente do Sindpesp, destaca que o momento é de consternação, de indignação e de união, mas, também, de luta pela valorização da vida de todos os profissionais da Segurança Pública, independentemente da instituição a qual pertençam, seja Civil, Federal, Militar, Penal ou Guarda Civil:

As instituições têm atribuições, demandas e papéis constitucionais próprios, mas, também, existem pontos em comum, entre eles a necessária e urgente valorização da vida dos agentes de Segurança Pública. Conheço os policiais civis da família do Luca. Testemunhar o orgulho que sentiam por ele se transformar em tanto sofrimento é de uma tristeza imensurável. Nossos profissionais precisam de maior proteção jurídica. Chega de enterrar homens e mulheres da Polícia", destaca Jacqueline.

De acordo com a delegada, o Sindpesp se unirá, no ato deste sábado, aos familiares de Luca. O movimento terá início às 10h, no Clube Acre (Rua Água Comprida, 257 - Jardim França).

Justiça

O investigador Renzo Angerami e a delegada Fabiana Angerami, pai e madrasta de Luca Angerami, explicam que o ato marcado para amanhã “será democrático e receberá todos aqueles que clamam por justiça”:

“É preciso dar um basta a toda essa violência. Estamos saturados com essa onda de criminalidade. As pessoas estão, cada vez mais, sem poder sair às ruas. E policiais jovens, como o meu filho, estão morrendo todos os dias na mão de bandidos. Nunca tivemos tanta letalidade contra policiais do estado de São Paulo como agora”, lamenta o investigador.

Letalidade

Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revela que o País continua perdendo número excessivo de policiais ano a ano, o que corrobora a preocupação da presidente do Sindicato dos Delegados. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023 do FBSP, 161 policiais morreram assassinados em 2022 no País, durante o serviço, ou quando estavam de folga (à paisana), e 98 por suicídio.

Dos que foram executados, sete em cada dez perderam a vida enquanto não estavam trabalhando. O estudo mostra, ainda, que 16 policiais a mais foram assassinados no Brasil em 2022 em comparação com 2021.

Entenda o caso

Luca Romano Angeramitinha 21 anos e trabalhava no 3º Batalhão de Polícia Metropolitano (BPM), no Jabaquara, Zona Sul de São Paulo. O soldado, que tinha outros três irmãos, incluindo um policial militar, servia à corporação há dois anos.

Luca estava desaparecido há mais de um mês. O PM foi visto pela última vez na madrugada de 14/4, numa adega da comunidade Santo Antônio, no Guarujá, com dois amigos. Depois, câmeras de monitoramento do bairro filmaram o agente acompanhado por um homem, que foi preso.

De acordo com a Polícia, Luca foi torturado e morto após passar pelo “tribunal do crime” de facções do litoral:

“Além do homicídio, houve sequestro, cárcere privado e tortura”, afirmou o delegado Fabiano Barbeiro, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), à Imprensa.

O corpo da vítima foi encontrado há três dias, por policiais da Delegacia Seccional de Santos-SP, com sinais de violência.