Karoline Leavitt, com apenas 27 anos, às vezes fala como se o próprio presidente estivesse respondendo
por Reinaldo Polito
Publicado em 21/02/2025, às 13h03
Participei de centenas de programas de mídia training com os mais renomados profissionais da imprensa brasileira, entre eles Enio Campoi, o mais experiente assessor de imprensa do país e proprietário da agência Mecânica de Comunicação. Dividi o palco com expoentes como Chico Santa Rita e Carlos Manhanelli, dois dos maiores nomes do marketing político.
Esses treinamentos têm por objetivo preparar executivos, profissionais liberais e políticos para se expressarem com desembaraço e confiança em entrevistas para emissoras de rádio e televisão. Também são orientados para falar com jornalistas de jornais, revistas e portais da internet. Atualmente, muitos desejam aprender a se comunicar nos podcasts, cada vez mais populares.
Um deslize pode ser fatal
Os resultados são excelentes. Além de se expressarem de maneira mais eficiente, os participantes recebem orientações sobre a forma de se comportar nas mais diversas circunstâncias com a imprensa. Saem do evento cientes de que um deslize no contato com jornalistas pode ser fatal.
Em todos os treinamentos, as recomendações dos profissionais enfatizam a importância de receber bem os jornalistas e tomar cuidado com as respostas para não parecerem agressivos, mesmo diante de perguntas provocativas. Afinal, em certas situações, a intenção é exatamente essa – provocar para que acabem dizendo o que não gostariam de revelar.
Karoline quebrou a regra
Essa regra parece ter sido quebrada pela mais jovem porta-voz presidencial da história dos Estados Unidos, Karoline Leavitt. Com apenas 27 anos, ela se mostra competente, bem-preparada, articulada, comunicativa, conservadora por princípios ideológicos e com uma presença marcante. Dá a impressão de ter sido moldada com perfeição ao estilo de Donald Trump.
Sempre firme nas respostas, não leva desaforo para casa. Às vezes, fala como se o próprio presidente estivesse respondendo. Não há assunto para o qual não tenha na ponta da língua uma resposta pronta e bem estruturada. Com admirável fluência, aborda temas como política anti-imigração, o que classifica como desvios retóricos progressistas, e o desperdício de dinheiro público em programas questionáveis.
Desperdício de dinheiro
Em suas declarações, Karoline tem dado destaque aos gastos da USAID, listando exemplos que considera injustificáveis: US$ 1,5 milhão para promover políticas DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) com trabalhadores na Sérvia, US$ 70 mil para produzir um musical DEI na Irlanda, US$ 47 mil para uma ópera transgênero na Colômbia, US$ 32 mil para uma história em quadrinhos transgênero no Peru. Após expor esses dados, reforça que um dos objetivos do governo Trump é eliminar desperdícios.
Na sua primeira entrevista coletiva, Karoline já apresentou uma mudança impactante. Mostrou um gráfico que apontava como os meios de comunicação tradicionais haviam perdido credibilidade com a população. Por isso, a Casa Branca passaria a dar mais espaço a jornalistas independentes, influenciadores de mídia e criadores de conteúdo.
Democratizou as coletivas
Para acomodar essa nova turma, parte dos assentos que tradicionalmente eram reservados para os funcionários da presidência seria destinada a esses novos comunicadores. O anúncio gerou um alvoroço. Pouco depois da divulgação, quase 7,5 mil interessados se inscreveram para participar.
Um dos momentos mais curiosos da atuação de Karoline com a imprensa ocorreu quando vários repórteres tentavam falar ao mesmo tempo, atrapalhando tanto quem daria as respostas quanto os que aguardavam para fazer suas perguntas. Sem hesitar, pegou o microfone e disse com voz enérgica: “Parecem crianças na escola!”. Foi suficiente para que todos ficassem em silêncio.
Não estavam acostumados a esse estilo
Esse estilo combativo da porta-voz é uma forma diferente de se relacionar com a imprensa. Se de um lado os governistas aplaudem suas atitudes contundentes, de outro, os oposicionistas se mostram contrariados, pois não estavam acostumados a serem contestados dessa forma.
Diferente do tom moderado, gentil e agregador adotado por porta-vozes como o General Rêgo Barros no governo Bolsonaro, por exemplo, Karoline aposta em uma abordagem mais combativa. Na verdade, desde que sejam competentes e desempenhem o trabalho com profissionalismo, cada um pode explorar seu próprio estilo de comunicação.
No fim, o que define um bom porta-voz não é apenas o tom adotado, mas a capacidade de transmitir a mensagem de forma clara e eficaz.
Leia também
Porta-voz de Trump diz que jornalistas parecem crianças de escola
Carnaval de Santos 2025: confira a programação oficial dos desfiles
Baixada Santista em alerta: Inmet emite avisos de chuvas intensas e ventos fortes
Homem é acusado de oferecer sexo oral para menino em local público
Partido de Marçal quer prefeito de Sorocaba como candidato ao governo paulista
Loja Colaborativa Feito em Santos abre exposição com 32 novos artistas
Porta-voz de Trump diz que jornalistas parecem crianças de escola
Carnaval 2025: Rio de Janeiro espera 90% de ocupação hoteleira
Partida da Portuguesa Santista é encerrada após caso de racismo
Câmara de Santos vota projeto contra perturbação de eventos com apologia a crimes e palavrões